Estude a vegetação brasileira a partir de 5 destinos turísticos

Quinto país do mundo em extensão territorial, o Brasil apresenta uma vegetação bastante rica e diversificada, e nem sempre é tarefa fácil lembrar de todos os biomas e suas características. Por isso, o Terra preparou dicas, relacionando tipos de vegetação com famosos destinos turísticos brasileiros.

O professor de geografia Alberto Tahan, do Colégio Decisão, de Goiânia (GO), ajudou a listar os cinco destinos e explicou as principais características da vegetação encontrada em cada região. Para ele, o turismo pode servir como um importante instrumento de preservação dos biomas brasileiros, mas ainda é bastante tímido no País. "É importante dizer que preservar não é deixar intocável, mas utilizar de forma sustentável", destaca. Confira as dicas:

Jalapão (TO)

Localizado no Estado do Tocantins, em uma região com estações bem definidas, o Parque Estadual do Jalapão foi criado em 2001. Cortada por diversos rios, essa área é considerada bastante árida, com temperaturas que constantemente alcançam os 30ºC, e está inserida no cerrado. Com uma vegetação marcada por gramíneas, arbustos e árvores com altura média de 10 m, esse bioma é predominante nos Estados do Centro-Oeste e no Tocantins.

O Parque do Jalapão, bastante procurado principalmente por adeptos do turismo de aventura, ocupa um espaço maior do que o Estado de Sergipe, e foi criado para preservar uma área onde a substituição da vegetação por pastagens e grãos é cada vez mais comum. "Tentar evitar as fronteiras agrícolas no cerrado é muito difícil, pois é um ambiente perfeito para a produção de grãos. E como nesse bioma existe uma vegetação rasteira de médio porte, capaz de buscar água no subsolo, as plantas não conseguem captar a água se ocorre o desmatamento. Dessa forma, ocorreu uma degradação do ambiente, e o Parque do Jalapão foi uma forma encontrada para preservar essa área", diz Tahan.

Rio de Janeiro (RJ)
Destino de milhares de turistas brasileiros e estrangeiros, o Rio de Janeiro é conhecido por suas belezas naturais, como o Corcovado e as praias de Copacabana e da Barra da Tijuca. Mas o que se vê hoje é apenas uma parte da vegetação que existia no passado, que foi desmatada ao longo dos séculos. Localizada em uma área com vegetação de Mata Atlântica, como a imponente Floresta da Tijuca, a cidade é um bom exemplo do processo sofrido por esse bioma - que já ocupou uma extensa faixa do litoral de ponta a ponta e hoje tem apenas 6% de sua área original preservada, sendo o mais desmatado do solo brasileiro.

Segundo Tahan, as razões para isso foram mudando ao longo dos séculos: no período da colonização, era devido ao pau-brasil, árvore que tem uma madeira macia bastante atraente; depois, houve a exploração agrícola, com culturas como a cana-de-açúcar e o café; e, nos últimos séculos, a principal causa foi a urbanização e a especulação imobiliária, especialmente em grande cidades como o próprio Rio de Janeiro. Atualmente, existe o risco de desmoronamentos de terra, bastante frequentes nessa região, onde diversos territórios são ocupados de forma irregular. "Quando chove constantemente, o solo inunda. Se você desmatar, ele não tem tempo para secar e a umidade provoca os desmoronamentos", explica Tahan.

Pantanal (MT e MS)
Localizado na região Centro-Oeste, o Pantanal concentra uma enorme biodiversidade, atraindo cada vez mais turistas do mundo todo, especialmente observadores de animais e pescadores, seduzidos pela grande variedade de peixes dos rios da região. Considerado Patrimônio da Humanidade pela ONU, o Pantanal é, durante a época de cheias, a maior área alagada do planeta, sendo considerado um bioma complexo.

"Ele não é constante: existe durante as cheias, que vão do final do ano até março, período em há a formação completa do pantanal. Dentro dele, há uma vegetação que suporta a época das cheias e das secas, além de elementos próprios do cerrado e da Mata Atlântica. Por isso, é chamado de bioma complexo", explica Tahan. Durante os períodos de seca, a área é bastante propícia para a expansão agrícola, cada vez mais comum em toda a região. Nas áreas alagadas, mesmo durante as cheias, a pecuária é bastante explorada o ano todo.

Recife (PE)
Um dos principais destinos turísticos do Nordeste, Recife tem como marcas registradas a arquitetura colonial do seu centro histórico, as belas praias de sua orla, além do tradicional carnaval de rua. Mas outro aspecto natural também é um símbolo da capital pernambucana: os mangues. Chamada de Manguetown, Recife concentra uma grande área ocupada por esse bioma típico do litoral nordestino, que é um ponto de reprodução para alguns animais.

"É uma região de reprodução de crustáceos, onde há várias plantas alófitas que sobrevivem em ambientes salgados, com a principal função de ligar a Mata Atlântica com o mar", conta Tahan.

 

Gramado (RS)
Considerado o único bioma brasileiro subtropical, a Mata das Araucárias é encontrada nos Estados do Sul do País, em lugares como a charmosa Gramado, principal destino turístico da serra gaúcha. Famosa pelo clima frio nos meses de inverno e pela arquitetura típica de países europeus, essa região, que atraiu muitos imigrantes italianos e alemães justamente pelas características naturais similares às de seus países de origem, também sofre com o desmatamento.

"É uma vegetação típica de climas temperados, mas enquanto na Europa existem as coníferas, aqui nós temos a araucária, que é muito derrubada, principalmente para a exploração da sua madeira. É uma mata homogênea, e uma das mais desmatadas ao longo do tempo, só perdendo para a Mata Atlântica", destaca Tahan. 

 

Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra
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